A caneta dele é de qual cor | Poi Satchi | K. Bhagyaraj | Raadhika

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Com uma mistura de trapalhice e astúcia, a cena que se passa numa sala de audiências típica do velho cinema tâmil faz do filme “Poi Satchi” um julgamento comum convertido em surpresa, suspense e humor. K. Bhagyaraj, que aparece como advogado, aproveita o interrogatório matinal como um “serviço expresso”, bombardeando cúmplice, polícia, réu e todas as testemunhas com uma sequência de perguntas que as fazem rodopiar e entrar em pânico. A sua primeira “pequena” questão – “De que cor é a caneta dele?” – apontando para a caneta presa entre os dedos do réu, abala a confiança arrogante da testemunha; o objetivo de Bhagyaraj é revelar, da forma mais simples, que todos estão a esconder a verdade.

Quando a testemunha vacila e tropeça nas próprias palavras, Radhika oferece-lhe apoio silencioso com o olhar. O jogo de olhares entre os dois, o “timing” certeiro das piadas que arrancam gargalhadas e a trilha sonora alegre que enquadra a cena mantêm o público divertido mesmo enquanto se tenta resolver o problema dos pais em tribunal. À medida que a cadeia de perguntas avança, surge também uma alfinetada de consciência política e justiça social; a premissa de Bhagyaraj é clara: “Se tudo o que a testemunha diz fosse verdade, ele nem conseguiria reconhecer os registos mais recentes”.

Num segundo momento, o enredo principal do filme vem à tona gradualmente, transformando-se inopinadamente para todos os que tentaram encobrir a mentira. A testemunha, perdida no nevoeiro das próprias lembranças, dói-se ao ter de inventar dados às pressas; nesse ínterim, a expressão carismática de Bhagyaraj brinca com um tom ameaçador próprio das cenas de tribunal, mas a estratégia humorística permanece numa linguagem acessível.

No desfecho, há ainda um debate natural que demonstra que a lei só triunfa quando abraça a verdade e a integridade. Através daquela pergunta aparentemente inofensiva – “De que cor é a caneta dele?” – o falso testemunho desmorona-se e a verdade brilha; assim, K. Bhagyaraj firma-se como o herói que conduz, manipula e salva a situação. Esta cena central é justamente o que transformou “Poi Satchi” num tesouro humorístico inesquecível do cinema tâmil

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